Como se verifica a alimentação dos Espíritos desencarnados?
Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo
espiritual, basta lembrar a hematose do corpo físico, pela qual o intercâmbio
gasoso se efetua com segurança, através dos alvéolos, nos quais os gazes se
transferem do meio exterior para o meio interno, e vice-versa, atendendo à
assimilação e desassimilação de variadas atividades químicas no campo orgânico.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com
determinados elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com
produção de energia destinada à manutenção das províncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos
próprios arraiais da ciência humana, problemas somente equacionáveis com a
ingerência automática do corpo espiritual nas funções de veículo físico, porque
os fenômenos que lhe são conseqüentes se graduam em tantas fases diversas que o
fisiologista, sem noções do Espírito, abordá-los-á sempre com a perplexidade de
quem atinge o insolúvel.
Sabemos que para a subsistência do corpo físico é imprescindível
a constante permuta de substâncias, com incessante transformação de energia.
Substância e energia se conjugam para fornecer ao carro
fisiológico os recursos necessários ao crescimento ou à reparação do contínuo
desgaste, produzindo a força indispensável à existência e os recursos
reguladores do metabolismo.
O alimento comum ao corpo carnal experimenta, de início, a
digestão, pela qual os elementos coloidais indifusíveis, convertendo-se ainda
as matérias complexas em matérias mais simples, acessíveis à absorção, a que se
sucede a circulação dos valores nutrientes, suscetíveis de aproveitamento pelos
tecidos, seja em regime de aplicação imediata, seja no de reserva,
destinando-se os resíduos à expulsão natural.
A ciência terrena não desconhece que o metabolismo guarda a
tendência de manter-se em estabilidade constante, tanto assim que,
reconhecidamente, a despesa de oxigênio e o teor de glicemia em jejum revelam
quase nenhuma diferença de dia para dia.
É que o corpo espiritual, comandando o corpo físico, sana
espontaneamente, quando harmonizado em suas próprias funções, todos os
desequilíbrios acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações no
campo nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência carnal o homem
se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume
simplesmente como recurso complementar de fornecimento plástico e energético,
para o setor das calorias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos
potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonando o envoltório físico na desencarnação, se o
soma'>psicossoma está profundamente arraigado às sensações terrestres,
sobrevêm ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo
biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio
esforço, no auto-reajustamento, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que
o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os
quais se afine, quando não promove a obsessão espetacular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são
conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano
Espiritual, onde encontram alimentação semelhante à da Terra, porém fluídica,
recebendo-a em porções adequadas até que adaptem aos sistemas de sustentação da
Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto
mais leve quanto maior se evidencie o enobrecimento da alma, porquanto, pela
difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade,
nutre-se de produtos sutilizados ou tese'>sínteses quimioeletromagnéticas,
hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e
reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.
Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções
magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o
nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a
idealeuforia orgânica e mental da personalidade. Daí porque toda a criatura tem
necessidade de amar e receberamor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual, com alguma provisão
de substância específica, ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se
apenas da difusão cutânea para refazer seus potenciais energéticos, conta com
os processos da assimilação e da desassimilação dos recursos que lhe são
peculiares, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela
epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela
harmonia de nível, nas operações nutritivas, e pela essencialização dos
elementos absorvidos, não existem para o veículo psicossomático determinados
excessos e inconveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum.
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